Wednesday, April 05, 2006

Constatação...

Conheci o texto abaixo há alguns anos e prometi que sempre iria me lembrar das observações que o autor quis compartilhar com quem quer que seja. A única coisa que posso dizer hoje é que estou fracassando...

Filtro solar

Nunca deixem de usar filtro solar! Se eu pudesse dar uma só dica sobre o futuro,seria esta: use filtro solar. Os benefícios a longo prazo do uso de filtro solar estão provados e comprovados pela ciência; já o resto de meus conselhos não tem outra base confiável além de minha própria experiência errante.
Mas agora eu vou compartilhar esses conselhos com vocês. Aproveite bem, o máximo que puder, o poder e a beleza da juventude. Ou, então, esquece... Você nunca vai entender mesmo o poder e a beleza da juventude até que tenham se apagado. Mas, pode crer, daqui a vinte anos, você vai evocar as suas fotos e perceber de um jeito - que você nem desconfia hoje em dia quantas tantas alternativas se lhe escancaravam à sua frente, e como você realmente tava com tudo em cima. Você não é tão gordo(a) quanto pensa!
Não se preocupe com o futuro. Ou então preocupe-se, se quiser, mas saiba que pré-ocupação é tão eficaz quanto mascar chiclete para tentar resolver uma equação de álgebra. As encrencas de verdade de sua vida tendem a vir de coisas que nunca passaram pela sua cabeça preocupada, e te pegam no ponto fraco às quatro da tarde de uma terça-feira modorrenta. Todo dia enfrente pelo menos uma coisa que te meta medo de verdade. Cante.
Não seja leviano com o coração dos outros. Não ature gente de coração leviano. Use fio dental. Não perca tempo com inveja. Às vezes se está por cima, às vezes por baixo. A peleja é longa e, no fim, é só você contra você mesmo. Não esqueça os elogios que receber. Esqueça as ofensas. Se conseguir isso, me ensine. Guarde as antigas cartas de amor. Jogue fora os extratos bancários velhos. Estique-se.
Não se sinta culpado por não saber o que fazer da vida. As pessoas mais interessantes que eu conheço não sabiam, aos vinte e dois, o que queriam fazer da vida. Alguns dos quarentões mais interessantes que conheço ainda não sabem. Tome bastante cálcio. Seja cuidadoso com os joelhos. Você vai sentir falta deles. Talvez você case, talvez não. Talvez tenha filhos, talvez não. Talvez se divorcie aos quarenta, talvez dance ciranda em suas bodas de diamante. Faça o que fizer, não se auto-congratule demais, nem seja severo demais com você. As suas escolhas tem sempre metade das chances de dar certo. É assim pra todo mundo.
Desfrute de seu corpo. Use-o de toda maneira que puder. Mesmo. Não tenha medo de seu corpo ou do que as outras pessoas possam achar dele. É o mais incrível instrumento que você jamais vai possuir. Dance. Mesmo que não tenha aonde além de seu próprio quarto. Leia as instruções, mesmo que não vá segui-las depois. Não leia revistas de beleza. Elas só vão fazer você se achar feio.
Dedique-se a conhecer os seus pais. É impossível prever quando eles terão ido embora, de vez. Seja legal com seus irmãos. Eles são a melhor ponte com o seu passado e possivelmente quem vai sempre mesmo te apoiar no futuro. Entenda que amigos vão e vem, mas nunca abra mão de uns poucos e bons. Esforce-se de verdade para diminuir as distâncias geográficas e de estilos de vida, porque quanto mais velho você ficar, mais você vai precisar das pessoas que conheceu quando jovem.
More uma vez em Nova York, mas vá embora antes de endurecer. More uma vez no Havaí, mas se mande antes de amolecer. Viaje.
Aceite certas verdades inescapáveis: Os preços vão subir. Os políticos vão saracotear. Você, também, vai envelhecer. E quando isso acontecer, você vai fantasiar que quando era jovem, os preços eram razoáveis, os políticos eram decentes, e as crianças, respeitavam os mais velhos. Respeite os mais velhos. E não espere que ninguém segure a sua barra. Talvez você arrume uma boa aposentadoria privada. Talvez case com um bom partido. Mas não esqueça que um dos dois pode de repente acabar.
Não mexa demais nos cabelos senão quando você chegar aos quarenta vai aparentar oitenta e cinco. Cuidado com os conselhos que comprar, mas seja paciente com aqueles que os oferecem. Conselho é uma forma de nostalgia. Compartilhar conselhos é um jeito de pescar o passado do lixo, esfregá-lo, repintar as partes feias e reciclar tudo por mais do que vale.
Mas no filtro solar, acredite!

Friday, March 31, 2006

Monólogo das Mãos

De Ghiaroni

Para que servem as mãos?
As mãos servem para pedir, prometer, chamar, conceder,
ameaçar, suplicar, exigir, acariciar, recusar, interrogar, admirar,
confessar, calcular, comandar, injuriar, incitar, teimar, encorajar,
acusar, condenar, absolver, perdoar, desprezar, desafiar, aplaudir,
reger, benzer, humilhar, reconciliar, exaltar, construir, trabalhar, escrever...
As mãos de Maria Antonieta, ao receber o beijo de Mirabeau,
salvou o trono da França e apagou a auréola do famoso revolucionário;
Múcio Cévola queimou a mão que, por engano não matou Porcena;
foi com as mãos que Jesus amparou Madalena;
com as mãos David agitou a funda que matou Golias;
as mãos dos Césares romanos decidiam a sorte dos gladiadores vencidos na arena;
Pilatos lavou as mãos para limpar a consciência;
os anti-semitas marcavam a porta dos judeus com as mãos vermelhas como signo de morte!
Foi com as mãos que Judas pôs ao pescoço o laço que os outros Judas não encontram.
A mão serve para o herói empunhar a espada e o carrasco, a corda;
o operário construir e o burguês destruir;
o bom amparar e o justo punir;
o amante acariciar e o ladrão roubar;
o honesto trabalhar e o viciado jogar.
Com as mãos atira-se um beijo ou uma pedra, uma flor ou uma granada, uma esmola ou uma bomba!
Com as mãos o agricultor semeia e o anarquista incendeia!
As mãos fazem os salva-vidas e os canhões; os remédios e os venenos; os bálsamos e os instrumentos de tortura, a arma que fere e o bisturi que salva.
Com as mãos tapamos os olhos para não ver, e com elas protegemos a vista para ver melhor.
Os olhos dos cegos são as mãos.
As mãos na agulheta do submarino levam o homem para o fundo como os peixes;
no volante da aeronave atiram-nos para as alturas como os pássaros.
O autor do "Homo Rebus" lembra que a mão foi o primeiro prato para o alimento e o primeiro copo para a bebida;
a primeira almofada para repousar a cabeça, a primeira arma e a primeira linguagem. Esfregando dois ramos, conseguiram-se as chamas.
A mão aberta, acariciando, mostra a bondade;
fechada e levantada mostra a força e o poder;
empunha a espada a pena e a cruz!
Modela os mármores e os bronzes;
da cor às telas e concretiza os sonhos do pensamento e da fantasia nas formas eternas da beleza. Humilde e poderosa no trabalho, cria a riqueza; doce e piedosa nos afetos medica as chagas, conforta os aflitos e protege os fracos.
O aperto de duas mãos pode ser a mais sincera confissão de amor, o melhor pacto de amizade ou um juramento de felicidade.
O noivo para casar-se pede a mão de sua amada;
Jesus abençoava com a s mãos;
as mães protegem os filhos cobrindo-lhes com as mãos as cabeças inocentes.
Nas despedidas, a gente parte, mas a mão fica, ainda por muito tempo agitando o lenço no ar. Com as mãos limpamos as nossas lágrimas e as lágrimas alheias.
E nos dois extremos da vida, quando abrimos os olhos para o mundo e quando os fechamos para sempre ainda as mãos prevalecem.
Quando nascemos, para nos levar a carícia do primeiro beijo, são as mãos maternas que nos seguram o corpo pequenino.
E no fim da vida, quando os olhos fecham e o coração pára, o corpo gela e os sentidos desaparecem, são as mãos, ainda brancas de cera que continuam na morte as funções da vida.
E as mãos dos amigos nos conduzem...
E as mãos dos coveiros nos enterram!

Tuesday, January 24, 2006

O miserável e o vagabundo

De nobre, Charles só tinha o nome. Na verdade, já andava cansado de chegar em casa e se deparar com a miséria em que vivia com Ana Rosa e os seis filhos. Sete com o que crescia na barriga da esposa. Além de estar desempregado, a falta do que vestir e até do comer atormentava-lhe a cabeça e o único refúgio eram as doses de pinga barata, que comprava fiado no boteco da esquina.

O golpe fatal veio com a ordem de despejo do barraco onde morava, distante quase trinta quilômetros da cidade. Os vizinhos até sentiram pena, mas nada podiam fazer, pois a situação nas redondezas era a mesma, algumas até mais graves.

Os dias iam passando. A pobreza ardia nos corpos secos e nos olhos cansados das crianças e da esposa, cuja barriga, inexplicavelmente, ainda crescia. A única pergunta que Charles se fazia a todos os instantes era se realmente existia um Deus, capaz de acabar com aquela agonia.

Um dia, no mesmo boteco, agravante das brigas com Ana Rosa, Charles encontrou um amigo de infância. Antônio também não havia estudado, mas a inteligência, fora do comum, lhe fizera um homem quase bem sucedido. Mesmo que os caminhos fossem os mais tortuosos, as amizades com os políticos baseavam uma “vidinha mais ou menos”.

Charles se sentia feliz de rever o amigo e com uma ponta de inveja pelo simples fato de o outro não passar fome. Sentia também o amargo que lhe brotava do estômago, ao perceber que, para levar a “vidinha”, Antônio não se importava nem um pouco com esta tal honestidade, que impedira tantas vezes Charles de ganhar um trocado a mais para dar, ao menos, de comer aos filhos.

A conversa foi avançando e, no meio da madrugada, Antônio disse ao amigo que estava se mudando para uma região muito valorizada da cidade. O valor do terreno? NADA. A área era muito boa. Os donos deviam milhões em impostos e teriam certa dificuldade para retirar os invasores. E como o grupo já era grande, a briga seria boa.

Charles se animou quando soube que cerca de quatro mil famílias já estavam de mudança. Enfim, ele seria o futuro rei de seu pequeno território, fazendo jus ao nome, inspirado em um destes príncipes abastados, que nunca sentiram o estômago doer de fome.

Não tinham muito o que levar: uma cama de casal e duas de solteiro, onde as crianças se espremiam para dormir; o caixote velho, onde ficavam as duas panelas, que raramente cozinhavam um pedaço de carne; um fogãozinho de duas bocas, que requentava até por quatro vezes a refeição cujo último grão fazia diferença; os trapos iam nas caixas de papelão e, por último, um saco preto com as miudezas.

Mudança feita e a sensação singular da primeira perspectiva de vida davam outro ânimo. Charles largou a cachaça, arregaçou as mangas e sentiu como nunca uma grande vontade de ganhar o mundo, como o super-herói que era visto pelos filhos. Com uma casa própria, não precisavam mais fugir dos donos de barraco, quando o dinheiro do mês não era suficiente para pagar o aluguel e comer. Enfim, “os filho agora podem continuar os estudo”. Iam ter uma vida melhor que a do pai (ou não). Não repetiriam a vida de privação que levavam.

Era maio. Seria o primeiro outono feliz da família. Charles voltara a fazer alguns trabalhos como pedreiro. Todo o dinheiro que entrava, ia para a construção do barraco, que agora deixara de ser um sonho longínquo. Cinco meses foram suficientes para os três cômodos serem levantados.

Os posseiros se sentiam vitoriosos. A área de mais de 40 mil metros quadrados havia se transformado em um bairro, “Sonho Real” de milhares de famílias. No local, bares, mercadinhos e até uma ONG, que cuidava da educação dos pequeninos. Casas de diversas formas e tamanhos também já estavam erguidas, denunciando a situação de muitos que se diziam carentes, mas, na verdade, só queriam tirar proveito. Políticos, policiais, comerciantes, empresários encabeçavam a luta. Os miseráveis, como Charles e a família, engrossavam o movimento. Sem saber, eram massa de manobra para ostentar a ambição de pessoas como Antônio, que nem de longe poderia ser chamado de miserável. Enquanto isso, a esperança por uma vida melhor ia crescendo incontrolavelmente.

Já na nova casa, Ana Rosa dera à luz uma bela menina, que crescia sem ter noção do momento que a família vivia. Maria Vitória nasceu linda e saudável. Agora, o que realmente importava era seu objetivo: defender a todo custo seu pequeno território.

As eleições para prefeito já estavam em segundo turno. Ambos os candidatos precisavam dos dois mil eleitores da invasão. Os invasores também precisavam dos políticos para defender um sonho distante de poucos e o lucro de muitos. As promessas vazias eram incontáveis e continuavam a alimentar as esperanças dos miseráveis.

A vida parecia equilibrada, quando a mídia local anunciou o mandado de reintegração de posse da área. Começava então o pesadelo.

Antônio, como um dos líderes do movimento, tratou logo de fazer a cabeça dos miseráveis. Junto com a vontade de vencer, a influência do vagabundo agiu como um tonificante para a valentia dos sofredores sem-teto. Charles, mais uma vez, incorporou o espírito do “super Charles”. Colocou os filhos no colo e prometeu que de lá não sairiam mais. “Papai prometeu. Super-herói não mente”, disse um dos pequenos. A invasão se tornou uma das maiores do estado. O confronto com a polícia, a justiça e o resto da sociedade os faria entrar para a história.

Depois de sete meses, o “Sonho Real” se tornara um pesadelo para muitas famílias.
“Antônio falou que ninguém poderia sair do sonho, nem pra botar comida em casa”. E mais uma vez Charles amargava a dor de ver seus filhos passando fome, não conseguia cumprir a promessa de ser feliz para sempre. Agora, o coração doía ainda mais quando a inocente Maria Vitória chorava ao sugar o seio desnutrido e seco de Ana Rosa. Mas a esperança não morria. Ele lutaria até o fim para defender o que já considerava seu.
A terra que traria a paz se transformara em um campo de batalhas. Agora, fazia parte da rotina caçar garrafas para fabricar bombas caseiras e produzir armas artesanais de madeira para enfrentar a polícia. Todos estavam armados, inclusive com o medo não disfarçado pelo olhar assustado.

Ana Rosa achava o marido frio. Ela imaginava que ele não percebia a vida desgraçada que a família levava. Em seu coração, o amor que sentia pelos filhos falava mais alto e a vontade de sair daquele inferno era perene. Pra ele, o amor também era muito grande, daí nascia a força para lutar por aquele teto. Podia não demonstrar, mas seu comportamento refletia a vontade de garantir a vida das crianças.

Cada dia parecia interminável. As notícias da retirada e a fome que acometia muitas das famílias do local faziam o sofrimento aumentar intensamente. Depois de semanas de medo da entrada da polícia na área invadida, enfim, chegou a semana decisiva. As guerras em outros países, vistas nas poucas TVs, da parte pobre da invasão, pareciam invadir a vida das famílias miseráveis. Por noites seguidas, as trocas de tiro espalhavam o pavor. Finalmente, em uma quarta-feira ensolarada, dois mil homens da polícia cumpriram a decisão judicial. A situação não podia ser pior: Antônio não estava lá para conferir. Fugiu no início da noite juntamente com os outros líderes gananciosos, afinal, as denúncias de venda irregular de lotes e as prisões decretadas lhes pesavam sobre as costas.

Charles empenhava todas as forças no confronto, como se tivesse o peito de ferro. Lutava como um guerreiro espartano para conquistar seu espaço. Até que uma cena lhe comoveu: viu os olhinhos espantados do filho mais velho pedindo insistentemente que o pai desistisse. “Quero mesmo é lutar pela vida, com você vivo, papai. Vamos embora. Eu sei que esse mundo é injusto, que a vida é difícil, mas vamos tentar de outro jeito. Acredito que você é invencível, mas vamos partir para outra batalha”.

Tarde demais. Um tiro pelas costas só deixou a Charles um último minuto, suficiente para se lembrar de toda a sua vida, desde criancinha. O choro da sua esposa e dos filhos pequenos, que não entendiam nada, intensificava o último segundo de sofrimento. A correria e os tiros para todos os lados deixavam a sensação de ir direto para o inferno. Isso lhe deixou a certeza de que até a fé se compra com condições dignas de sobrevivência. E agora, o que seria de sua família?

A vida desgraçada se esvaia. Os sons agora eram distantes a luz do sol brilhante enfraquecia cada vez mais. Só escuridão e um vento frio terrível. A sensação de vazio era só o que sentia. Charles não era príncipe nem de si mesmo. Morreu amargando a culpa de nascer pobre e o sentimento de ser vítima de um mundo cruel que não dava chance para a felicidade dos desventurados reféns da injustiça social. Pior ainda, fracassara diante dos filhos, que esperavam, no mínimo, proteção daquele que lhes dera a vida.

Antônio é que estava certo. Não teria o mesmo fim de Charles. Procuraria agora outra forma de se safar dos crimes e partiria para outra. Afinal, o mundo é dos espertos. Só eles são felizes sem culpa. Charles agora voava. Passeava em cima da confusão, mas nada podia fazer, somente observar sua família, que agora teria que lutar sozinha, sem o super-herói, que estava morto, sem provar que era o mais forte e lutaria contra todos por aqueles que tanto amava.

Wednesday, January 11, 2006

A espera

Eu não quero recobrar a consciência enquanto estiver acesa a última brasa do cigarro...
Eu não quero dormir até que a ultima luz se apague...
Eu não quero morrer enquanto houver um último suspiro...
Eu não vou desistir enquanto viver a última esperança...

Eu não vou matar a última esperança enquanto existir amor...
O tempo passa como a fumaça do cigarro que desaparece com o vento
E não é capaz de suavizar o que sinto
A vida passa como um trem desgovernado e não consegue me tirar do lugar

As pessoas mudam
As estrelas somem
O sol aparece e a noite desce
Eu continuo a esperar que você me diga sim... ou apenas me diga...

A última brasa...
A última luz...
O último suspiro...
A última esperança...

Vou continuar aqui com meus delírios
Até que as pessoas parem
Até que as estrelas parem
Até que o sol e a lua parem

Vou continuar te esperando
Até que me digas sim
Ou apenas me diga...
Amor, diga que sim.

Monday, January 02, 2006

Mudança de planos

Relutei em fazer um balanço do ano que passou e decidi que não faria aqueles planos e promessas para 2006, já que, ao chegar aos últimos dias de dezembro, a conclusão é que a maioria, se não todos os itens da tal lista ficaram pra traz ao longo dos doze meses que se seguiram.

Mas, pra minha surpresa, na noite do último dia 30, acabei traçando o meu destino para os próximos 365 dias, talvez pra vida inteira.

Resolvi pôr um fim na inércia dos últimos três anos e lutar por algo que vai me fazer bem. Não vou anunciar qual a principal ação para este ano, mas, com certeza, é algo que vai mudar radicalmente o rumo da minha vida profissional e pessoal.

É importante ressaltar que, para isso, recebi o apoio de uma pessoa que está sempre ao meu lado. Se tudo der certo, no fim deste ano, tudo será novo.


Até lá!

Thursday, December 29, 2005

O ritmo da alucinação

As coisas não estão tão lentas. Ainda ouço, mesmo que distante, os grilos e pássaros noturnos manifestarem suas súplicas por alguma coisa qualquer. O vento assobia, anunciando a chuva que está para cair. O sol já sumiu. Já estou louca e a busca por respostas nem começou.

Esta vai ser mais uma daquelas noites. Vou para o mundo inteiro sem sair do lugar. Lugares que quero e outros que tenho pavor de estar. Resta apenas a última lata de cerveja e um cálice de vinho barato. Essa música insuportável me atormenta os ouvidos. Atiça um pouco mais a ira avassaladora, que, por capricho, se aproxima aos poucos, prolongando a cada respiração o suplício pelo fim de tudo isto.

Seria melhor deixar de pensar. Fugir completamente do corpo. Adormecer o espírito e virar plasma... Ou pó... E pairar. Viajar com o vento pra onde ele soprar, sem compromisso de voltar. Experimentar a sensação que têm os pássaros

Onde está o perfume das violetas. Não consigo sentir daqui, onde estou agora. Mas posso ir onde elas estão e contemplar a imagem singela de várias delas a dançar em um jardim qualquer. O mesmo vento que me levará as animará. Quero ver também as orquídeas, que em sua hospedeira embelezam os olhares de privilegiados que as sabem admirar.

Agora quero sugar o néctar da rosa vermelha, para encher o coração de paixão pela vida.
Sou mais feliz assim. Já que a página branca nunca vai existir, a menos que eu morra, vou me refugiar nas asas de um beija-flor. Ele sim, é um ser iluminado. Já nasceu sabendo o que é bom nesta vida e, sequer precisa de algo mais para ser feliz.

Infelizmente, passou. A viagem foi curta e a brasa quente me despertou para a realidade. Tenho que voltar ao solo e esquecer os aromas e paisagens. Minhas asas estão quebradas até o próximo anoitecer. O incenso de violeta vai me acalmar. E que Miller me ajude!

Por Aline Tomaz

Wednesday, December 28, 2005

Desejo

O que dizem estes olhos que refletem a noite?
O que esconde esta boca que me suga?
O que habita dentro desta fortaleza de silêncio?
Quero entrar em sua mente,
Possuir seu corpo
Invadir seu mundo, que seja por apenas um minuto,
Pra depois dizer que te amo,
Molhar pela última vez seus lábios
Depois partir, te vendo ir.
Por Aline Tomaz

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